6 de setembro de 2017

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE 46




HUMBERTO J. MENEGHIN


Era uma pessoa que não via há mais de quinze anos que agora estava ali materializada na minha frente usando uma camiseta azul marinho onde estava escrito: “Nunca subestime o poder de uma mulher que nasceu em dezembro”. Era a Dionira, que segurando um cigarro aceso e usando óculos com lentes grossas me disse: “ Não quero que tenha pena de mim, já lhe perdoei pelo que me fez, mas acho que você ainda não conseguiu resolver o seu remorso. Você está bem, viu? Mas, engordou uns dez quilos, quase não a reconheci. Não sabia que se interessava por Yoga; isso é novo pra mim.”


“A vida segue e veja que se muitos se arrependessem do que fazem a outra pessoa por mero erro, este mundo melhor estaria. ” – continuava Dionira- “Espero que tenhas tomado jeito, menina! Pendencias existem e sempre existirão. Sabe que nunca mais vi o Fonseca e nem as irmãs Sala? ” – silenciou, me olhando profundamente – “Lembra da Vivi? A mulher pariu um filho do Vasco ... Ah, a Lurdinha está ali ...” – falou  Dionira, balançando a chave do carro; e, pelo meu alívio se afastou, mesmo eu não ter dito nenhuma palavra.


Estarrecida, fiquei parada onde estava sem ter forças para me mover; então, percebi um toque por trás, em meu ombro direito, virei-me e vi a Keilane, a comissária de bordo que divide o apartamento comigo, a Claudinha e o Júnior. Como um anjo, a Keilane me perguntou o que tinha acontecido (preferi não dizer) e me disse que estavam nos esperando para irmos embora, voltarmos para casa após esse retiro de feriadão.


Muitas vezes quando se participa por vários dias de um retiro que acontece num feriadão, a gente quando vai embora se sente bem; mas, logo que a Dionira surgiu na minha frente e derramou aquelas palavras, senti que toda a minha energia foi sugada ... conseguindo me desestabilizar e até me deixar confusa e sem chão.


“Está branca, parece que viu um fantasma!” ­– disse a Simone quando entramos no carro. Continuei em silêncio, ainda prendendo a imagem da Dionira na minha mente, lembrando do que tinha me dito e ainda tinha o Fonseca !!!  Desespero, raiva, tudo junto, queria tomar conta de mim, mas procurei não demonstrar isso. E, quando chegamos no apartamento que morávamos, percebi a minha pressão baixar e então tudo se apagou ...

Harih Om!

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