20 de novembro de 2013

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE VINTE





HUMBERTO MENEGHIN


OOOOMMMM, OOOOMMMM, OOOOMMM, chega de samadhi por hoje, meu povo! A aula acabou, retornem agora, samadhi é bom, mas vocês têm que retornar, preciso ir embora para minha casa, tenho tantas coisas para fazer! Se você dormiu, acorde, se ainda está no samadhi saia já, pois acabou, acabou. Samadhi acabou! Entendam isso meu povo!” – foi assim que Lili interrompeu o momento “samadhi” dos que nele poderiam estar, pois eu não senti nada diferente, nada mesmo; muito pelo contrário, minha mente não parou de pensar na forma como essa mulher que se diz professora de Yoga nos deu a prática essa noite. Em resumo, que pratica horrível! Quero ver o que os outros vão dizer sobre isso. Será que só eu detestei? Essa sujeita deveria dar aula para os Simpsons lá em Springfield, isso sim!




Então, sem que esperássemos Lili ascendeu a luz do ambiente e meus olhos imediatamente sentiram isso. “Adorei a aula, adorei!”– dizia Neuzinha entusiasmada para que todos ouvissem – “Senti uma conexão ... não sei explicar.”

“Você atingiu o samadhi, amadinha, beleza isso, minha linda. Alguém mais sentiu o samadhi que minha aula proporcionou a vocês? Vou contar nos dedos!” – respondeu Lili olhando um a um naquela sala. – “Ih, que gente desanimada! Só essa moça entrou em êxtase? E você, minha linda, pegou carona no samadhi?” – perguntou Lili, à Amanda, aquela professora de inglês siliconada da SummerWinter, que também batia ponto na Unicamp.  

Em resposta ela começou a cantar um refrão de uma música de muito sucesso dos anos noventa:


“It must have been love, but it is over now,
it must have been good but I lost  it somehow,
It must have been love, but it is over now,
from the moment we touched till the time had run out ...”


Não cantando a canção de Roxette por completo, mesmo surpreendendo com o excelente tom de voz para o canto, Amanda sentiu-se o centro das atenções, pois parecia que naquela sala todos haviam apreciado o pequeno show.







“Me levou a minha juventude! Tem que ir para o The Voice!”– bradou Simone do fundo da sala; mas que juventude é essa, se a Simone já havia passado dos cinquenta há muito tempo?

“Maravilha, minha linda, você chegou ao samadhi. Samadhi imspira vocês sabiam? Mais alguém, mais alguém pelo menos teve um samadhinho esta noite durante essa aula maravilhosa que eu ministrei?” – perguntou Lili cheia de orgulho.

Então, lá do fundo, Edson, aquele cara do sul, disse num tom alto de voz: “Pare com isso, guria! É difícil alguém atingir o samadhi nessa aula tão ruim que você nos deu. Por acaso você pertence a alguma seita?”

“Meus lindos, falamos depois. Boa noite, durmam com os anjos. OOOMMMM! – desconversou Lili se levantando, saindo do recinto, sem dar mais  atenção a qualquer pessoa.


Harih Om

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