1 de julho de 2013

QUAIS MOTIVOS LEVAM O(A) PRATICANTE “PARAR COM O YOGA”?




HUMBERTO MENEGHIN


Vai chegando dezembro, aquela correria de final de ano com as festas, férias escolares e a praticante que até então era assídua resolveu parar de vez de ir às aulas de Yoga. Simplesmente pára porque é um costume preguiçoso que a massa adota e como ela faz parte da massa, vai no embalo e desiste de praticar Yoga; mas, promete ao professor e à recepcionista do espaço que retornará só depois do carnaval. Não parando por aí, há várias outras razões, além desta bem manjada, que levam um (a) praticante desistir do Yoga e nunca mais retornar. Mas, por que isso acontece?




Partindo do princípio que quem se interessa em praticar Yoga pelo menos tenha participado de uma aula experimental e gostado, se identificado com a prática e com o professor ou professora e a partir daí assumiu o compromisso de praticar, uma desistência que possa se apresentar meses depois tem suas razões concretas e também os responsáveis.

Então, quais medidas efetivas os professores e as professoras, estúdios e espaços de Yoga podem adotar para que o número de dissidentes praticantes cesse ou diminua e para que na medida do possível haja maior comprometimento com a prática por parte dos alunos e alunas que alimentam a idéia de parar com o Yoga?


Os motivos mais comuns que se tem conhecimento que levam alguém parar de vez com o Yoga, ou seja, um aluno ou aluna parar definitivamente de praticar numa aula que freqüentava em um espaço ou com um personal pagando-se por isso podem ser vários.

Ninguém pode obrigar alguém a fazer o que não quer. Se aquele ou aquela que pratica decide se dedicar à prática de ásanas de Yoga e alguns deles até mesmo se aprofundar no estudo das escrituras e também do Vedanta, isso geralmente acontece de forma natural, sem forçar.




Com exceção do motivo exposto na introdução deste artigo, da desistência costumeira que os brasileiros adotam em relação a seus compromissos quando chega o final do ano e ainda que se estende para os meses de janeiro e fevereiro para somente começar a levar a vida à sério após o carnaval, os demais motivos elencados abaixo, alguns deles podem até ser evitados. Se não, vejamos:


  1. O valor da mensalidade ou hora aula que se pagava subiu muito e como o praticante não teve aumento de salário e as despesas também subiram, teve que fazer cortes e então parou com o Yoga.

Numa situação como essa em que a desistência de seguir com a prática se justifica porque houve um aumento no valor da mensalidade ou da hora aula e o salário não acompanhou, o praticante pode perfeitamente tentar pedir um desconto e continuar praticando; mas, se o espaço aumentou de forma abusiva o que arrecada pelas aulas e ainda paga mal os professores, recomendável que essa determinação mude, pois não só um mas outros alunos mais poderão parar com o Yoga e depois para reconquistá-los será muito difícil. O espaço terá a tendência de ficar às moscas e encerrar as atividades. Se tiver que aumentar, que o aumento seja sensato.


2. A professora com quem praticava deixou de ministrar aulas de ásanas e como gostava muito dela e de suas aulas resolveu parar com o Yoga, pois quem a substituiu não tem a mesma competência e aquele jeitinho atencioso com os praticantes.

A valorização do bom profissional que ministra aulas de ásanas num espaço é de suma importância para que a qualidade da prática não decaia. Do que adianta ter um celeiro de professoras formadas pelo curso de formação da própria escola, pagando-se um honorário baixo, se a qualidade e a eficiência da aula fica a desejar. A maioria dos alunos percebe muito a diferença e por não valorizar o suficiente a (o) bom profissional que ministrava aulas achando que uma novata inexperiente pode perfeitamente substituir quem tem muita tarimba na arte de ensinar, o espaço perde feio com isso, mesmo que no início não leve esse resultado em consideração. Então, valorizar o (a) professor (a) que cumpre o seu papel com muita competência é uma forma de não perder alunos.


3. Preguiça, estava chovendo e fazendo frio, então resolveu parar com o Yoga.

É verdade que quando chove ou faz frio alguns praticantes preferem ficar embaixo da coberta em frente à TV, comendo alguma coisa, do que ir para o espaço praticar Yoga. Mas, chegar a ponto de parar com o Yoga por causa disso, não justifica. Ou seja, pois pode fazer Sol ou chuva, esse tipo de praticante não voltará mais, seja por que não se identificou com o estilo da aula, muito menos com quem a ministra. No entanto, legal seria o espaço tentar saber qual o real motivo da desistência telefonando para a praticante e ainda convidando essa desistente para uma nova aula com uma outra professora.




4. O marido pediu que parasse com o Yoga, pois não estava gostando nenhum pouco de ela deixar os afazeres domésticos em segundo plano e muito menos ele. Então, parou com o Yoga.

É verdade que os compromissos com o Lar e a família não podem ser deixados em segundo plano. O melhor então é praticar no horário em que o marido trabalha e as crianças estão na escola. Mas, se não for possível e ir para o Yoga à noite estiver criando uma situação muito desconfortável para o casal, a praticante poderá convidar o marido para aderir à prática, mas se em último caso a situação ficar negra, desistir, por enquanto, do Yoga pode ser uma opção inevitável.

5. A professora com quem estava acostumada a praticar ásanas do Yoga foi pra Índia por mais de um mês e mesmo ela tendo voltado cheia de ânimo e com muitas estórias para contar, perdeu o pique, aquela vontade de retornar à prática, então, parou com o Yoga.

Sim, quando alguém se acostuma muito em praticar só com aquela professora e ela resolve se afastar alguns dias ou por um mês e outra professora assume suas aulas, quem muito apegado é a “teacher”, notará a diferença e poderá perder a vontade de continuar com a prática. Então, com o retorno da professora oficial, as praticantes poderão estar noutra e ainda desmotivadas em reiniciar as aulas. Nesta situação, não há muito que se fazer, pois o professor ou professora também precisam de férias. Que essas alunas não fiquem mal costumadas e entendam e se quiserem continuar a praticar as portas estão abertas como sempre estiveram.




6. Sinceramente as aulas do professor de Yoga não saiam da mesmisse, aquelas posturas repetitivas, nenhuma inovação e isso acabou por desmotivar de vez a praticante em continuar tendo aulas de ásanas, pois achava que podia perfeitamente fazer as posturas em casa, por conta própria, ao invés de pagar por isso. No entanto, não teve a mínima disciplina para levar a prática pessoal como deveria. Então, parou com o Yoga.

Profissionais que não são bem capacitados existem em todas as áreas. Não adianta querer colocar uma professora de Pilates ou de Educação Física ou até mesmo alguém que acha que está muito preparado para ministrar aulas de Yoga, se não tem competência para isso; seja ministrando aulas repetitivas, sem presença e liame que podem desmotivar quem pratica e ainda colocar em risco a saúde do aluno e passar a idéia que se fizerem as posturas em casa não precisam mais ir as aulas de Yoga e nem gastar com isso. No entanto, a maioria dos praticantes entediados que pensam assim, dificilmente praticarão em casa.




7. Problema de saúde. Parece que aquela dor nas costas só piorou ao invés de melhorar desde que começou a praticar; então, foi ao médico e ele lhe recomendou que parasse com o Yoga e fosse fazer Hidroginástica. Por isso, parou com o Yoga.

Acontece realmente de alguém começar a praticar ásanas e aquela dor nas costas ou no nervo ciático piorar. Por isso que o professor, num primeiro contato, deve saber quais são as limitações de cada aluno praticante para assim preparar e adaptar a prática de acordo com a realidade do aluno-praticante. Não adianta querer impor posturas difíceis e desgastantes a quem não consegue executá-las. Sim, o corpo do praticante irá se danificar com os ásanas, como disse aquele escritor que causou polêmica num artigo do NYTimes. Mais uma vez aqui conta a competente preparação e experiência do professor (a) que irá ministrar aulas de ásanas. No entanto, se o praticante deve ficar afastado das aulas por um motivo de saúde que seja delicado, parar com o Yoga deve ser adotado e quem sabe mais para frente quando estiver melhor poderá retornar se não houver impedimento. Mas, trocar Yoga por Hidroginástica? Pode sim a Hidroginástica ser um bom complemento à prática.




8. As amigas pararam de praticar Yoga e correram para o Pilates onde os resultados parecem ser mais evidentes; então, se elas pararam e foram para o Pilates, também parou com o Yoga e foi fazer aulas de Pilates com as amigas. Se todo mundo está fazendo, deve ser bom, né?!

“Maria vai com as outras” há em todos os lugares. Gente insegura que se guia muito pela opinião alheia. Se as amigas param com o Yoga e correm para o Pilates, seguir o mesmo caminho só por causa das amigas é muita tolice, o que revela uma grande dependência e medo inerente de ser repudiada pelas amigas da “panelinha”. Fazer Pilates para se ter um corpo esculpido pode até ser bom, mas Pilates jamais substitui os efeitos de uma boa prática de Yoga.




9. Por falta de alunos o espaço de Yoga fechou as portas ou quem praticava mudou de cidade. E, por isso, parou com o Yoga.

Se o espaço onde tinha aulas de Yoga fechou as portas, deve haver um bom motivo para que isso acontecesse. No entanto, pode haver um outro espaço na cidade onde se possa praticar ou até mesmo continuar praticando com aquela professora legal que dava aula no espaço que fechou, como personal. Mas, se a praticante mudou de cidade, também poderá investigar se há algum espaço que se identifique, na nova cidade, onde possa dar continuidade ao que começou: praticar Yoga.

10. Muito trabalho, levando serviço para casa, entrando mais cedo saindo mais tarde, mesmo que a empresa tenha um programa de Qualidade de Vida para o inglês ver, cobram produção e prazos, sem tempo para mais nada, nem para respirar; então, por isso, resolveu parar com o Yoga.

Pois é, parece que certas empresas adotam um programa que visa melhorar a qualidade de vida de seus funcionários, para que no fundo sintam-se felizes e produzam mais. No entanto, há certas companhias que começam o programa, mas não dão continuidade e se dão continuidade não há comprometimento da chefia para que os associados continuem participando do programa, cobrando prazos e produção. E, mesmo que por fora o empregado começou uma atividade física ou até praticar Yoga, a falta de tempo e por estar muito atarefado e preso a mostrar serviços e cumprir prazos, continuar com o Yoga torna-se não primordial.




11. Concluiu que Yoga é religião, o que vai contra seus princípios e então resolveu parar com o Yoga.

A equivocada conclusão de que Yoga é religião é um preconceito que pode ser transmitido por algum dirigente religioso, pois este tem receio de perder o “controle” que tem sobre algumas pessoas se vierem a “abrir a cabeça” praticando o Yoga e passando adotar aqueles Deuses Hindus como Deus e tudo mais. Pois, durante algumas práticas, cantam mantras, veneram esses Deuses. Então, quem pára com o Yoga por este motivo tem que, por si só, entender que não está abdicando da religião que adotou se praticar Yoga, que não é religião.


Sempre haverá alguém que irá parar com o Yoga, alguns definitivamente, outros não e outros sequer irão se interessar. Medidas preventivas e efetivas existem, tanto para serem aplicadas por parte do espaço que oferece as aulas como pelo professor (a). No entanto, mais vale praticantes interessados e comprometidos com tudo o que o Yoga pode oferecer do que aqueles que tem um interesse apenas transitório.


Harih Om!

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