23 de julho de 2013

GURUPURNIMA – PARTE I I I – FINAL



SWAMI DAYANANDA
TRADUÇÃO: HUMBERTO MENEGHIN


Em um texto é dito que o Guru deve ser uma pessoa com uma quantidade extra de compaixão, pois a compaixão pura e simples não é suficiente. Qualquer ser humano terá empatia quando ele ou ela vê uma pessoa em dor e assim pode começar a ajudar a pessoa da melhor maneira. Esta é a compaixão humana natural. No entanto, se alguém vê um outro alguém sofrendo por nenhuma razão que se justifique, a empatia pura e simples não será evocada.

É através da porta da empatia que a compaixão e o desejo de ajudar são evocados. Mesmo que uma pessoa que sofra por nenhuma razão aparente possa não evocar empatia, somente alguém com uma quantia extra de compaixão que é escolhida para ajudar essa pessoa.






Vamos supor que esse homem erroneamente acredita que uma serpente o mordeu. Se uma serpente realmente o tivesse mordido, você poderia ajudá-lo levando-o ao hospital para tomar uma injeção antiveneno. Talvez, você até possa administrar o primeiro socorro com um pedaço de pano a cima da mordida e fazendo uma abertura para o sangue envenenado saía. Esses são os passos práticos que você poderia fazer, tudo isso induzido pela sua empatia.

Mas, o que você pode fazer pelo ajnana-sarpadasta quando ele grita: “Ajude-me, ajude-me! Eu fui mordido por uma serpente!” Quando você lhe pergunta onde ele foi mordido, ele aponta para o pé, dizendo: “Lá!” Ele até mesmo se recusa em olhar na direção em que ele sente ser uma ferida mortal. No entanto, quando você olha para o pé dele você vê apenas um espinho alojado lá, o qual você o remove e então você pergunta: “Você se sente melhor agora?” “Não, não!” – ele grita – “Eu fui mordido por uma serpente!”

Na verdade, ele meramente pisou num espinho e quando ele olhou para baixo perto dos seus pés, ele viu uma mangueira e seu pânico criou uma serpente na mangueira e a presa mortal no espinho. Ele manifestou todos os efeitos do medo, suando, coração acelerado e ele até podia morrer de medo, meramente devido a sua crença de que uma serpente o havia mordido.

Verdadeiro ou não, desde que ele pense desse modo, isto é verdade para ele. E, ainda sabendo que ele não está em perigo, você não pode ajudar, mas vai sentir alguma diversão ao invés de empatia.

Então, como você ajudaria essa pessoa? Desde que não haja perigo, você poderia ir embora; no entanto, você o vê sofrendo. E, é por isso que uma quantia a mais de compaixão é necessária. Esta compaixão vem da realização: “Eu já passei por isso; já tive esta experiência também.” Se eu tivesse passado pela mesma coisa abençoada, eu poderia facilmente apreciar muito a pessoa e eu poderia ser uma ajuda.

E, é por isso que o Guru é descrito como ahetuka-dayasindhuh, um oceano de daya, compaixão, sem qualquer razão. Não há razão. O estudante pode perguntar: “Por que você é tão compassivo? Por que você me ensinaria tudo isso? O que eu fiz?” “Nada.” “O que você espera de mim?” “Nada.” Você pergunta por que eu o ensino. “Por que eu não deveria ensiná-lo? Você precisa ser ensinado, então eu ensino.”






O MÉTODO DE ENSINO


O método de ensino é necessário porque o problema é muito peculiar. Esse conhecimento não é como um dado assunto acadêmico que você pode aprender simplesmente lendo um livro.  É uma completa revelação e a conexão professor-estudante é necessária a fim de fazer com que o conhecimento trabalhe para o estudante. Isto é similar a uma relação com um terapeuta, onde a confiança e o tempo são necessários. O Guru é como um super-terapeuta. Ele deve re-orientar o estudante num período de tempo, diretamente ou indiretamente; e, desta forma, o estudante vê através do erro de suas auto-crenças enraizadas que o Ser é totalmente aceitável.

No amor que se experiência, você tem aquele tipo de sentimento porque quando alguém diz, “eu te amo”, você se sente totalmente e incondicionalmente aceito. Tudo sobre você, sua altura, seu nariz e sua mente são aceitos. Essa experiência lhe dá uma abertura interior para ver que você é aceitável, pelo menos, para uma outra pessoa.

Isso não é uma auto-aceitação real porque é baseada na aprovação do outro de você. Você acha que está tudo bem com você só porque a outra pessoa diz, “eu te amo”. A aprovação não vem através dos seus próprios olhos, mas dos olhos do outro. Mais tarde, ambos podem descobrir muitas coisas sobre cada um que não são aceitáveis de todo. Então você se depara com a outra pessoa colocando cláusulas para o “eu te amo.” “Eu te amo, muito embora ...” “ Eu ficaria feliz amar você, se você pudesse acordar um pouquinho mais cedo, se você pudesse pensar um pouquinho diferente, se você não fosse um republicano..”

 Mais tarde, nós estamos presos a condições e a aceitação incondicional de que eu preciso não é ganho através dos olhos dos outros. Ainda, desde que eu não me sinta totalmente aceitável aos meus próprios olhos, eu continuo buscando isso nos olhos dos outros.




É muito importante ter um discernimento sobre você como totalmente digno de amor e aceitável. É isso que o Guru faz; ele o ajuda se ver como digno de amor. Ele o liberta. Então essa visão é sua e você se torna uma fonte de amor para todos. E, é por isso que a relação guru-sisya é inteiramente diferente de qualquer outra relação, razão pela qual, ao Guru é dada muita importância no sastra e na tradição.

Gurupurnima é, então, um dia muito importante para todos os buscadores. No dia do Guru, nós buscamos as bênçãos de todos os Gurus no parampara, a tradição, sustentando na mente que o Guru supremo é o Senhor Daksinamurti, a fonte de todo-conhecimento. Portanto, nós o louvamos e o veneramos, buscando a graça do Guru. 


Om tat sat



Gurupurnima – partes I e  II  estão em


http://yogaemvoga.blogspot.com.br/2013/07/gurupurnima-parte-i-i.html

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