HUMBERTO MENEGHIN
A primeira coisa que fiz ao chegar no escritório
foi instalar um papel de parede com a imagem da minha querida mestra na tela do
meu micro; Indianira Shanti Ma, presente, agora e sempre, comigo. Depois juntei
as palmas das mãos frente ao meu coração e em devoção, com os olhos fechados,
cantei o mantra Om baixinho. Quando
abri os olhos percebi a colega do meu lado, a Alice Valda, me observando; então
resolvi dizer que estava cumprimentando a minha mestra. Alice Valda soltou uma
risada e foi buscar um cafezinho e o telefone tocou. Atendi e por minha
surpresa era a Claudinha. Perguntou por que tinha sumido e se gostaria de
almoçar com ela. Para não demonstrar muito interesse, disse que retornaria a
ligação depois porque estava muito atarefada, tudo mentira, mas quis deixar a
Claudinha em suspense.
Ouvi a porta da sala onde fico se abrir ao mesmo
tempo em que risadas podiam ser ouvidas. De imediato soube que Walkiria aquela
nova sócia do escritório se aproximava e foi exatamente isso que aconteceu. Ela
surgiu toda em preto, como de costume, acompanhada por Miriam Mitiko, que
também usava preto, trazendo um homem extremamente elegante e distinto que
portava um I-Pad numa das mãos. Fiquei
admirada com a presença daquele trio e logo todos se aproximaram para ouvir a
Chefa Mor nos apresentar esse homem.
Tecendo elogios a esse desconhecido, Walkiria nos
apresentou o Paulo Roberto, um homem que ira trabalhar diretamente com ela e
que seria encarregado de gerir o departamento onde fico. Alice Valda fez o
favor de derrubar o café que tinha pego sobre a mesa de trabalho e isso
evidentemente irritou Valkiria. Sem jeito, minha colega pegou papéis toalhas e
começou a enxugar o café; mas, Valkiria e seus seguidores já se afastavam.
Mesmo sentindo aquele cheiro de café impregnado no
ambiente, consegui abrir uma página do livro “Sabedoria Expressa”, escrito pela
minha mestra querida; a mensagem dizia:
“Não
adianta querer suplantar aqueles que parecem ser o que não são. Encontramos nos
lugares menos propícios pessoas que diante dos olhos dos presentes agem de uma
forma e quando estão longe viram um bicho indomado. Adestrar esse bicho
indomado que aparece nos momentos menos propícios não é fácil. Como um cachorro
preso as amarras, ao dono obedece, libertar-se só vai adiantar se por dentro a
mudança se fez, caso contrário permanecer nas amarras pode ser a melhor opção.”
Fechei o livro e comecei a trabalhar sem parar e só
foi quando já estava na hora de sair para almoçar que lembrei sobre o retorno
que estava devendo à Claudinha; então, liguei para ela, mas quem atendeu foi
Miriam Mitiko que me informou que a Claudinha já tinha saído para o almoço.
Perguntei se sabia qual o restaurante que ela tinha ido almoçar para assim
encontrar com ela. Miriam Mitiko me disse que ela tinha ido ao “Parlato”, um
restaurante mais chique, num bairro nobre da cidade. E, por minha surpresa
soube que tinha ido almoçar com o Paulo Roberto, que nem apareceu mais por aqui
depois que saiu.
Então, decidi almoçar no restaurante da Dona Li,
mesmo. Comi correndo e logo retornei ao escritório. Quando entrei na sala que
trabalho não encontrei ninguém. No meu computador colado na moldura da tela, um
post it amarelo trazia uma mensagem: ... (continua na parte 13)
Harih
Om!
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