18 de fevereiro de 2011

YOGA EM ACADEMIAS?




HUMBERTO MENEGHIN
artigo publicado originalmente no www.yoga.pro.br


Quando pensamos em academias de ginástica, vêm à mente aqueles aparelhos para modelar o corpo, música alta, garrafas plásticas com algum energético, transpiração, massa muscular, e o substantivo “malhação”. 



A busca pela beleza, o corpo perfeito e em conseqüência a boa saúde, tudo isso banhado por uma certa dose de vaidade inerente ao ser humano, faz com que alguns exagerem na prática de exercícios físicos. 








Nada contra àqueles que tenham por objetivo dedicar-se ao aumento da massa muscular e/ou à perda de eventuais quilinhos extras; mas, o que não se pode confundir são os meios (no caso do Yoga, a prática física) com o fim (no Yoga, a liberdade). Isto é, o que me é oferecido e como me é oferecido para construir o meu bem estar. 


Com a difusão do Yoga na mídia, com a participação de algumas celebridades, a população passou a conhecer um pouco mais dessa arte e escola de filosofia que chamamos Yoga. Suspeitamos, contudo, que a maneira em que o Yoga foi apresentado, possa não ser a mais correta. 


Nesse contexto, percebemos que, de uns tempos para cá, embaladas pela propulsão da mídia, academias de ginástica passaram a adotar o Yoga como modalidade desportiva, oferecendo a seus alunos a possibilidade de malhar-se de uma forma mais zen.  


Muitas vezes encontramos nestas academias profissionais que interpretam o Yoga de uma maneira que, tradicional, não é. E, o que acabam transmitindo nada mais é do que um quick-fix, exercícios que alongam o corpo, provocam transpiração e queimam calorias, podendo-se comparar a talvez ao mesmo resultado que se obtém ao terminar uma aula de spinning


Pois bem. Não quero dizer que não existam academias de ginástica que se preocupam seriamente em transmitir o verdadeiro Yoga. Acredito que elas existam, sim. Mas, já ouvi comentários como este: “Ah, tem o som alto da sala de musculação que atrapalha ... não é a mesma coisa que se praticar em um espaço de Yoga.”  


Diante disto, segue abaixo um estudo comparativo sobre a prática do Yoga que geralmente encontramos em academias de ginástica e a que vemos nos espaços de Yoga atualmente:



Yoga em academias
Yoga em espaços de Yoga
O Yoga é tido e visto como um tipo de malhação
O Yoga é considerado filosofia, auto-conhecimento, processo de crescimento
Muita gente praticando ao mesmo tempo, massificação
As turmas podem ter um número reduzido de praticantes
Objetiva apenas o trabalho corporal: perda de peso e/ou ganho de boa forma
Objetivo: com a exceção de alguns espaços de carácter comercial, o objetivo sempre é Moksha, a libertação
É difícil manter um número fixo de praticantes persistentes, devido à grande rotatividade
Apesar de também haver rotatividade há, de modo geral, mais yogis persistentes e interessados em se aprofundar na prática e no estudo
Habitualmente, zero de divulgação e dedicação ao estudo do Yoga em seus aspectos filosóficos ou sociais
Em muitos espaços incentiva-se o estudo do Yoga, o Vedanta, o Ayurveda e até mesmo o sânscrito
Modismo passageiro para a grande maioria, tendendo na atualidade a ser substituído pelo Pilates
O Yoga é considerado como modo de vida e seu estudo é indispensável para aqueles que a ele se dedicam
Geralmente, as turmas não duram muito, nem tem coesão
A união entre os yogis, resultante,  é evidente
Pode ser difícil para o instrutor ajustar e corrigir os ásanas de todos os praticantes
Existe preocupação da parte do instrutor em ajustar e adequar cada postura a cada praticante
Não há a intenção de transmitir o conhecimento filosófico do Yoga
Há, de modo geral, foco do professor na transmissão do conhecimento milenar
Não há tempo para meditar
A meditação faz parte da prática



A tabela acima demonstra claramente as diferenças que existem entre praticar Yoga em uma academia de ginástica e em um espaço de Yoga especialmente destinado a esse fim.


É claro que existem exceções. Sabemos que algumas academias reservam um espaço físico adequado em suas instalações, com instrutores bem preparados para o ensino da arte milenar do Yoga. Na contramão, também existem espaços de Yoga que tratam esta nobre filosofia como se fosse malhação.  


Vez por outra, nos deparamos com espaços de Yoga que dão ênfase apenas à qualidade de vida e ao combate ao estresse de quem os procura, esquecendo, porém, que Yoga não é apenas isso. Mas, de qualquer forma, o próximo passo aos que somente se preocupam em aliviar o estresse e buscar qualidade de vida será iniciar-se no estudo do puro Yoga.


Do reverso, existem os que visam apenas o lucro, e/ou a subjugação psicológica dos incautos, como se fossem ervas daninhas em um belo jardim que floresce. 


Discernir o joio do trigo caberá a você, praticante-yogi, pois mesmo que transite por lides que não lhe agradem, algo sempre irá aprender. Yoga, Vedanta e Ayurveda caminham juntos. Lembremos que o propósito maior do Yoga é moksha, a libertação, o conhecimento de Si mesmo. Esse objetivo através do processo de crescimento interior. 

Harih OM!

Um comentário:

  1. Ótimo Humberto, belo esclarecimento aos aspirantes a yogins !! E mesmo muitos dos que já praticam deveriam refletir sobre o conteúdo desse texto. Abço

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